A série Mad Men é excelente não só por seu roteiro,
direção, fotografia e atores impecáveis, mas porque ela não mente, mesmo
falando de ilusão. E, principalmente, porque ela não exige de nenhuma
personagem outra coisa senão ela mesma.
A gente assiste filmes nos quais os protagonistas mudam no final, graças
aos desafios. Suspiramos aliviados como se estivéssemos agradecendo uma oração
que pedia um milagre. Aí a vida de verdade vem e a gente não muda! Nem fazendo
meditação há mais de 30 anos.
Em Mad Men é assim também: todos ficam iguais ao que já
tinham em potência no início. Isso é genial, porque não julga as personagens e
não as quer diferentes, mas como são. A vida também não quer isso, afinal?
Que a gente não mude e sim cresça naquilo que somos? Como então poderíamos
criticar alguém ou a nós mesmos?
Não! Não devemos parar de tentar melhorar! Não é isso. Nem as
personagens da série deixaram de fazer esforços para melhorar. Só não
precisamos ser diferentes. Pensei que a série era uma denúncia feminista
disfarçada. E é! Embora no início o estômago embrulhe ao ver mulheres
massacradas. Quem assistir Mad Men vai desejar o feminismo mais
do que tudo, mesmo que o roteiro esplêndido nunca o mencione, a não ser como
nos conduz a agradecer por sua existência!
Pensei que a séria contaria o enfadonho confronto de um publicitário
incrível, bonitão e mulherengo com a sua vida de aparências e criação de
verdades perigosas até para saúde. E é isso também! Mas é brilhante o subtexto
da eterna procura por algo essencial que lhe foi tirado desde o nascimento.
O mesmo que nos faz comprar desenfreadamente. E gira milhões num mundo
para poucos. Don Draper encarna um vazio que está em todos nós. Isso está na
nossa cara durante as 7 temporadas na Netflix. E tudo isso se manteve! Nada foi
descartado para que encontrassem a redenção sendo pessoas que não sabiam que
eram. E o que recai sobre eles só os fortalece naquilo que são.
Mad Men fala da mentira jogando a verdade na nossa cara, e nem por isso
deixa de ser uma das melhores ficções que já assisti! Ninguém cai de uma janela
(num #pesadelo) sem acordar para realidade num grito.
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PS: Movimento Interrompido é um trauma na infância, onde paramos e rodamos em círculo, sem conseguir dar mais um passo na direção de quem realmente falta.
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