Aquilo que está oculto nas profundezas do
oceano, símbolo do inconsciente, sempre vem à superfície para nos assombrar. Se
for muito maior do que a gente é um assombro coletivo, uma mudança de era e das
lógicas de convívio.
Quando o capitão Ahab se empenhou em acabar
com a razão do seu infortúnio, a baleia Moby Dick (Herman Melville), esquecendo
seus entes queridos, levou junto multidões a se alinhar com a sua vingança
cega, como acontece nas guerras santas. Ou qualquer disputa sangrenta que pensa
poder parar os movimentos gerados nas trocas das eras.
Àquelas angústias que desistiram de chorar,
ainda lutando para restabelecer uma época perdida, são as nossas impotências
diante do que representa a Moby Dick, que pode ser uma doença crônica, o fim de
um casamento, a perda dos pais muito cedo, um emprego etc.
Mudanças causam sofrimentos, os mesmos que
solidarizam os corações para uma nova convivência, incluindo mais pessoas às
benesses criadas para nos adaptar ao novo tempo. Como a perna de Ahab,
arrancada pela baleia, poderia levá-lo a outro destino, talvez mais afinado com
ele. Tanto é que seu fim é atrelado literalmente ao monstro que tenta eliminar.
Mas ele não aceita a perda, nem a impotência imposta pelo gigante. Quer se
vingar, custe o que custou, inflamando o coração de quem também perdeu algo,
não tão definitivo, mas que quer uma catarse sem realmente mudar.
Esta angústia é a mesma que o Floral de
Bach Sweet Chestnut auxilia, dizendo para desistir de algo que não
faz mais parte do nosso destino. Mas Ahab não lutava na praia, onde ainda tinha
potência, ele foi para o meio do mar, onde teria que baixar a cabeça para
receber algo de presente. Esta ideia vingativa de que uma mágoa deve ser paga
pelo mundo todo, fazendo da vítima um algoz terrível, é o lado negativo dos que
precisariam aceitar o que houve e seguir em frente, como nos ensina o Floral De Bach Willow.
A gente já devia saber que quando uma era
muda, ela usa um Ahab, uma baleia, o amor, a cegueira, a iluminação e até uma
pedra para fazer o que veio fazer. Basta saber onde ficaremos na rotatória da
Fortuna. Em cima, em baixo, dos lados ou no centro? (Em cima do muro não é o
centro).
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