Se você soubesse de antemão sobre os acontecimentos de sua vida,
como reagiria?
No filme “A Chegada” (2016) a reação é “sim, eu aceito”, na série
Alemã Dark (Netflix - 2017-20) a resposta é “não, em hipótese nenhuma.”
O que cada resposta tem a dizer sobre nós mesmos? Em Dark, o
entrelaçamento da vida e acontecimentos feitos de afetos, dor e tempo é
conduzido pela filosofia, ciência e por pelo menos 4 mitos. Por isso, a série
muito bem feita, nos prende até o último capítulo! Queremos sair do
labirinto!
Como disse Borges “Pensei num labirinto de labirintos, num sinuoso
labirinto crescente que abarcasse o passado e o futuro e que envolvesse, de
algum modo, os astros.” Em Dark, o presente, futuro e passado existem e as personagens
querem alterá-los. Seus fracassos sucessivos, no entanto, os levam a mudar suas
estratégias, sem mudar sua resposta inicial: “não! Não aceito não.”
Não é isso o que nos faz ficar atrás do próprio rabo, buscando
milhares de explicações para o que houve ou o que queremos, sem dar um passo
para fora do disco arranhado?
Em A Chegada, presente, passado e futuro desaparecem diante do
sim, eu aceito! Baseado num conto premiado do cientista da computação Ted
Chiang, que nas horas vagas é escritor, não usa as personagens para
especulações teóricas. Jorge Luís Borges está na narrativa também, mas conversa
com o tempo no ventre de um ser humano mortal até o espaço sideral. Lá, o tempo
não é o inimigo, como em Dark, mas o presente dado. O “sim, eu aceito”, e por
isso saio do passado, presente e futuro, está nas formas circulares e
espiraladas da linguagem e nas menções às baleias no formato das naves e sons
alienígenas.
A personagem principal lutará contra o tempo imposto por quem tem
medo do tempo que resta, para resolver uma questão na qual o seu próprio tempo
e acontecimentos de sua vida são #dádivas, como ela descobre afinal. Tanto é
que o nome do conto que deu origem ao filme é sinônimo do sim: “História da sua
vida.”
#Arrivel
#Dark #TedChiang #Tempo #FicçãoCientífica
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O não em Dark tem uma razão, só razão, mas isso fica para outra publicação.
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