40) O Pedido de Desculpas em muitos Filmes

  


Pedir desculpas não é suficiente

Mônica Clemente (Manika) 

 

A melhor maneira de pedir desculpas é mudar o comportamento, mas em muitos filmes e novelas se vê esta frase sem sentido: “eu já pedi desculpas”, como se ela fosse o suficiente e a vítima uma insensível. 

 

Como se a culpa, muitas vezes insuportável de se sustentar, não fizesse o culpado projetar sua responsabilidade sobre outra pessoa através daquela frase. Como se ela, a culpa, não atuasse como um escudo que o protege e o impede de olhar para a vítima. 

 

Na vida real, estas estratégias se sustentam na esperança do culpado voltar a ser inocente. 

 

Vou dar um exemplo: uma pessoa trai seu companheiro/a e, não aguentando mais a culpa, conta o que fez, como se isso, de machucar mais um pouquinho, restabelecesse a confiança dentro do relacionamento.

 

A pessoa traída explode, porque além de lidar com a sua dor, agora precisa dividir o fardo do companheiro. Nesta hora, o culpado diz: “eu já pedi desculpas mil vezes!”, como se dissesse, “tire a culpa de mim!“  (Des - Culpe - Me).

 

Isso não basta. Aliás, isso piora as coisas. Uma quebra de confiança não se cura rapidamente, muito menos com confissões de traição com a agenda secreta de dividir o peso da culpa e voltar a um estado que não existe mais. 

 

Por outro lado, também não há solução quando o parceiro traído exige esta sinceridade do companheiro, como se ela restaurasse a inocência da relação.


Uma possível estratégia, no entanto, seria dizer: “Eu sinto muito! Vou fazer algo de bom para compensar o que fiz”.

 

No caso da traição, uma boa compensação seria começar tratar a pessoa traída muito melhor do que jamais a tratou. Isto não significa mandar flores e comprar joias, mantendo os casos extraconjugais, mas sim mudar o comportamento e tratar melhor o parceiro/a.

 

Se a pessoa traída aceitar a compensação, ainda deve ficar atenta para outra armadilha dentro dela mesma: algumas vítimas passam a se sentir melhores do que seus algozes, sem dar-lhes uma chance de fazer uma reparação de fato. Neste caso, especificamente, Bert Hellinger disse:

 

“Uma pessoa contra a qual foi cometido tanto mal sente-se no direito de rejeitar a parceira, como se não precisasse dela. Contudo, contra tal inocência o culpado não tem chances” (Amor do Espírito, 2012: 22)

 

Eu não sei se esta compreensão pode ajudar a força de uma relação a cicatrizar suas feridas. Só sei que a culpa é mais eficaz quando usada para nos melhorar do que como uma máquina do tempo.

 

Mônica Clemente (Manika)

 

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