Mãe Aramada e Mãe Felpuda
Mônica Clemente (Manika)
Com essa chamada, não quero rotular as mães, mas tecer um pergunta com você desde o experimento de Harlow.
Embora controverso, ele inspirou os estudos sobre o apego, como os de John Bowlby, que mostraram que os vínculos não existem só para garantir a sobrevivência, mas também para o bem-estar emocional durante toda a vida.
Nesse estudo, macaquinhos escolhiam entre uma mãe de arame com comida e uma mãe felpuda, sem alimento. Quase todos escolhiam a segunda, mostrando que o colo alimenta.
Essas duas mães reaparecem na novela “Vale Tudo” de 2025, entre Odete Roitman e sua irmã Celina: uma provê materialmente e a outra oferece o afeto que tantas babás, em lugar de mães ocupadas ou emocionalmente ausentes, tentam dar. O pai nem existe.
Não quero aqui culpar ninguém. Mães também já foram meninas feridas por gerações.
Mas é possível olhar para os vínculos que nos criaram e reconhecer o que realmente nos faz ter mais segurança emocional. Porque a sobrevivência - até os luxos – veio, mas o alimento que fortaleceria vínculos positivos veio também?
Se não veio, como adultos, podemos aprender a buscar relações com trocas que nos nutram. Entendendo que elas não vêm através do nosso estrelato ou submissão, mas da construção de relações mais felpudas, com outros e conosco.
Mas atenção: Bowlby estudou mães e filhos, não pais. Há muitos pais aramados que se julgam bons só por proverem, sem saber que sua presença e apoio afetivo também são fundamentais. E há mulheres que sustentam tudo, enquanto o pai oferece apenas o carinho, ganhando o afeto exclusivo dos filhos.
Também não quero julgar nossos pais. Quero dizer que o cuidado emocional começa com a mãe, mas precisa - urgentemente – ser partilhado.
Então eu pergunto: será que até hoje tudo o que você fez foi para ser quem é? Ou para tentar ser digna de amor que perdeu a ponte que nasce dos bons vínculos?
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FICHA TÉCNICA
Vale Tudo (1988–1989)
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Roteiristas principais: Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères
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Direção geral: Dennis Carvalho, Ricardo Waddington
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Odete Roitman – interpretada por Beatriz Segall
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Celina Junqueira – interpretada por Nathalia Timberg
Vale Tudo (2025 – Reboot)
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Criação e roteiro:
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Inspirado na obra original de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères
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Roteiristas adaptadores: Manuela Dias (autora principal), com Sérgio Marques, Márcio Haiduck, Aline Maia, Pedro Barros, Cláudia Gomes e Luciana Pessanha
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Direcção: Cristiano Marques, Direção artística: Paulo Silvestrini, Diretores principais (por núcleo): Isabella Teixeira, Augusto Lana, Fábio Rodrigo, Matheus Senra e Thomaz Cividanes
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Odete Roitman – interpretada por Débora Bloch
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Celina Junqueira – interpretada por Malu Galli
Mônica Clemente (Manika)
@manika_constelandocomafonte
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